Naquele dia, levei um belo tapa na cara!

           Outro dia, na igreja um irmão inspirado por Deus, nos deu uma palavra sobre gratidão; no meio de sua excelente ministração ele nos contou uma Estória :
" Se existisse uma sala no céu para que em cada uma fossem depositadas nossas orações, seria assim:
Sala 01- orações por bençãos materiais > uma sala muito extensa, com muitas prateleiras e gavetas, muitos anjos trabalhando e a demanda incessante dos pedidos chegando a todo instante.
Sala 02 -orações por bençãos espirituais > extensa, porém menor que a sala um, também com menor numero de anjos trabalhando e as demandas oscilantes, ora chegando, ora não.
Sala 03- orações por gratidão > uma sala pequena, com apenas um anjo trabalhando, também pudera, para as poucas orações que chegavam á esse assunto era necessário apenas um anjo para dar conta.
        Apesar de irreal, quanto sentido faz essa estória e é triste acreditarmos que isso é possível, temos tanto para agradecer basta olharmos á nossa volta, o problema é que focamos nosso olhar naquilo que não temos, no que nos deixa insatisfeitos, no objetivo que ainda não foi alcançado, nas coisas que não deram certo, quando fazemos isso automaticamente deixamos de ser gratos, por isso é importante que nos atentemos ao foco do nosso olhar.
       Olhe além, olhe para o céu, observe as nuances de azul que o criador escolheu para pincelar seu dia, as nuvens que tanto assemelham-se com nossas sensações, ora extensas, ora bem curtinhas, ora espalhadas sob o azul celeste, ora aconchegadas umas nas outras como se temessem o vento vindo do oriente capaz de separa-las, ora num risco comprido bem bonito parecendo nunca ter fim, ora se dissipando como se noutro instante deixasse de existir. O céu, as nuvens têm tanto á nos
ensinar, é educado e não cobra pedágio ele esta bem ali, todos os dias acima de nossas cabeças, para nos provar uma vez mais o quão perfeito é o amor de Deus.
Logo, você não precisa ir muito longe, basta levantar os olhos e mirar no alto, pronto.
        Certo dia estava no centro de São Paulo com minha mãe, e enquanto caminhava apressada pensando nas coisas que eu deveria fazer ao longo do dia, passei por duas pessoas moradoras de rua que como muitos balbuciaram algo para mim, mas eu tão envolvida em meus pensamentos nebulosos, mal ouvi o que disse uma das pessoas, mesmo assim prossegui meu caminho sem dar muita atenção, naquele dia levei um belo tapa na cara! Minha mãe parou, ouviu o que aquela voz em súplica pedia... fiquei paralisada de vergonha de mim mesma quando olhei e vi que era uma senhora, já com idade avançada, ela pedia algo para a outra pessoa que estava com ela, uma linda menina não tinha, aparentemente mais de 3 anos de idade, mirava-me com seus cativantes olhinhos redondos, seu pedido era que minha mãe lhe comprasse uma chupeta, olhei ainda paralisada para aquela cena pungente, naquele instante enquanto minha mãe entrava numa farmácia com a garota para comprar o que momentaneamente faria aquela criança feliz, minha mente viajou, viajou nas ruas esburacadas do meu interior, chorei, percebi o quão era abençoada, o quão o mundo era injusto e o quão eu era ingrata! Tive vontade de levar aquela menina para mim, para um lugar onde eu a pudesse proteger daquele lugar imundo e ameaçador, ela ali tão vulnerável, tão pequenina, vítima de um sistema egoísta e mesquinho, sem se quer viver o direito básico do ser humano: ter uma infância saudosa. Não suportei, chorei e por muitas semanas ao me preparar no aconchego do meu lar para dormir, pensava naqueles cativantes olhinhos redondos, não suportava a ideia de ter o que comer, um chuveiro quente, uma cama macia e ela não ter nada além das estrelas como teto, chorava ao pensar onde ela estaria naquele momento. Orei. Prossigo orando e pedindo á Deus que cruze nossos caminhos novamente, para saber mais, fazer mais
por aquela menina e a sra. que a acompanhava.
      Ah, essa experiência, estou certa de que foi o próprio Deus que preparou para minha mente obstinada que só sabia pensar nos problemas de um ser individual, Puxa! qual era mesmo minha dificuldade ? será que havia mesmo tantos buracos assim nas ruas do meu interior ? Minha vida estava tão nublada quanto eu pensava ? Cara, depois daquele dia aprendi de fato a dar graças, pelo bem e pelo mal, eu diria que essa experiência me salvou de oceanos de lágrimas á toa, lágrimas desnecessárias. guardei-as para derrama-las na presença dAquele que protege não só á mim, mas também aquela garotinha.
         Procure direito, dedique um bocadinho de atenção e você vai descobrir o quão é abençoado (a), no meio do dia, quando chega a hora de enfrentar o leão, me mantenho firme consciente de que não sou melhor do ninguém, de que em algum lugar do globo existe alguém enfrentando talvez um leão bem mais feroz que o meu, porém se mantém firme e forte.
        Quando passamos a dar graças, nosso jeito de encarar a vida é transformado. Por esses dias, numa rede social me maravilhei ao ver a publicação de uma amiga já com filhos e netos criados, que compartilhava sua alegria ao brincar de pular corda num dia lindo de sol com sua família, aquilo me pareceu tão puro, tão genuíno que conclui, isso é ser grato. Não duvido que esta minha amiga tenha problemas rotineiros, os quais todos temos, ela é feita de carne e osso como nós, a diferença esta no jeito como encara a vida. Nesse mesmo dia de sol, sei que existe muita gente que o desperdiçou, quebrando a cabeça atolado em conflitos internos e externos, chegando ao fim do dia ainda com
os mesmos problemas do inicio, também pudera, a solução não está no isolamento, no sacrifício do lazer, do sorrir, do estar com a família, está no reconhecimento das dádivas que nos outorga o criador, sim, seja grato e você verá que matando um gigante por dia, aquela extensa lista de problemas mal resolvidos dará lugar á uma outra lista, agora, de motivos para ser grato. Deus abençoe você!

                            Com carinho, B.
       

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